Cerca de cinco mil fiéis compareceram, na tarde deste domingo, 22, à Celebração Eucarística com rito de Ordenação Episcopal do agora “Dom Onécimo Alberton”. A santa missa, realizada no Sisos Hall, foi presidida pelo bispo da Diocese de Tubarão, Dom João Francisco Salm, bispo ordenante, e concelebrada pelos bispos co-ordenantes, Dom Jacinto Inacio Flach, de Criciúma, e Dom Paulo Antonio De Conto, de Montenegro (RS), junto a outros dez bispos e mais de 150 padres e diáconos de Santa Catarina e de outros estados.
No início da missa, Dom Jacinto Flach acolheu a todos que vieram participar deste momento que segundo ele, é de um verdadeiro “kairós”, de graça para a Igreja, e saudou os que vieram de perto e de longe. Dom João Salm também fez sua saudação, agradecendo a Deus pelo dom da missão do novo bispo e pediu a bênção do Senhor sobre a Diocese de Criciúma, através de muitas e santas vocações.
Obedecendo ao rito, Dom Onécimo foi apresentado pelos padres Wilson Buss e Ângelo Galato. A bula papal, assinada pelo Papa Francisco, foi lida por padre Egídio Schmoeller e dizia, em um de seus parágrafos: “Dileto filho, pedimos a ti, pela intercessão de Nossa Senhora Aparecida, os dons do Espírito Santo Paráclito, com cuja ajuda apascentes os fiéis a ti confiados, exercendo especialmente a caridade, lembrando as palavras de Santo Agostinho: ‘Tem a caridade, e terás todas as coisas: sem ela, nada do que possas ter te adiantará’”.
Um momento de profundo silêncio tomou conta de toda a assembleia durante a imposição das mãos dos bispos, antecedida pela prostração e a Ladainha de Todos os Santos. Logo após, o eleito teve a cabeça ungida com o óleo santo e recebeu as insígnias: o livro dos Evangelhos, antes depositado em sua cabeça, o anel, a mitra e o báculo.
Assim ordenado, a canção que ecoou pelo enorme salão foi o hino contendo o lema de ordenação: “Estou no meio de vós como aquele que serve” (Lc 22,27c), composto pelo padre Ney Brasil, da Arquidiocese de Florianópolis, em homenagem a Dom Onécimo.
“Como um irmão querido”
No início de sua homilia, Dom João recordou a passagem bíblica em que São Paulo pede a Filêmon que receba Onésimo não mais como escravo, mas “como um irmão querido” (Flm 16). “O povo de Rio do Sul, tendo à frente Dom Augustinho, Dom José, os padres, os diáconos, os religiosos e as religiosas, assim como as lideranças leigas, suplicava a Deus pelo novo bispo. Agora, aguarda a chegada de Dom Onécimo para ser no meio deles ‘como um irmão querido’, capaz de gestos, palavras e atitudes de um pai. E mais: creem, com fé humilde e sincera, que o Pastor que está chegando é dom – mais que um presente – enviado diretamente das entranhas do amor de Deus, conforme a promessa em Jeremias: ‘Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração’”.
Dom João Salm continuou falando sobre as atribuições de um bispo, que estão firmadas no serviço; na pregação; no fazer-se próximo das ovelhas, como o Bom Pastor; no chamado a amar com amor de pai e de irmão os que Deus coloca sob seus cuidados; na disposição solícita e em ser vigia do rebanho dos fiéis, tendo por pilar de seu ministério a Trindade.
“A Diocese de Tubarão foi criada há 60 anos e abrangia a atual Diocese de Criciúma que, por isso, está incluída na celebração jubilar deste ano. A ordenação episcopal de Dom Onécimo poderia ser, diríamos, um diamante na coroa deste jubileu de 60 anos, coroa que pertence a Tubarão e Criciúma. Mas este diamante também encontra um lugar todo especial na coroa das bodas de 60 anos de casamento que o Sr. Mozé e a Dona Laura celebraram no último ano. Alguém me contou que quando o padre Onécimo informou aos pais que havia sido nomeado bispo de Rio do Sul, o pai lhe teria dito: ‘Então tu vais amar a Diocese de Rio do Sul como teu pai ama tua mãe’. Um amor de 60 anos! Veja, portanto, a Diocese de Rio do Sul, quanto amor poderá esperar de Dom Onécimo”, destacou o bispo ordenante.
Dom João agradeceu a todos e conclamou para que o Ano da Paz, o Ano da Vida Consagrada, o Itinerário do Sínodo sobre a Família, os 50 anos do Concílio Vaticano II, a Quaresma e a Campanha da Fraternidade, neste ano celebrados, ajudem a “criar novo céu e nova terra” e pediu a intercessão dos santos padroeiros das dioceses pela missão de Dom Onécimo e por todas as dioceses da CNBB Regional Sul 4.
Homenagens
Ao final da celebração, Dom Onécimo acolheu as manifestações de gratidão da Diocese de Criciúma. Em nomes dos leigos, a coordenadora da Escola de Teologia para Leigos, Maria Inês Conti, foi a primeira a agradecer. “A sua dedicação, atenção, espiritualidade, humildade, alegria, recolhimento eo seu carinho jamais serão esquecidos! Tudo ficará gravado em nossos corações como a boa semente que dá frutos, porque foram cultivadas, cuidadas, regadas e alimentadas pela força do seu testemunho de vida, carisma, fé, amor, amizade e esperança. Tenha a certeza, jamais o esqueceremos. O senhor é muito especial”.
Em seguida, foi a vez do padre Vilcionei Baggio, primo do bispo ordenado e que falou em nomes dos sacerdotes religiosos. “Jesus era de Nazaré, um povoado simples, formado de pessoas simples, mas com o coração repleto de confiança em Deus. Você, Dom Onécimo, também vem de uma comunidade simples, habitada por pessoas simples. Mas uma comunidade viva, unida na fé e com o coração cheio de confiança em Deus. Jamais esqueça, meu querido amigo, a sua origem e de como o Senhor voltou sobre você o seu olhar, o escolheu desde pequeno e agora confia a você nova missão. Em sua missão pastoral, volte seu olhar para os que sofrem, para os abandonados e esquecidos, e anuncia a eles que são amados e queridos do Pai”.
Representando o clero diocesano e a Pastoral Presbiteral, o padre Éder Carminatti agradeceu os longos anos de serviço prestado por Dom Onécimo à Diocese de Criciúma. “O clero de nossa Diocese está contigo, meu irmão, reza contigo e te acompanha na missão. Nossa Diocese sente-se honrosa em presentear a Diocese de Rio do Sul com um bispo que tem em seu coração o mesmo desejo de Jesus Cristo: servir e amar, para conduzir e salvar. Seja feliz sempre fazendo a vontade de Deus e que, como São João Batista, possas preparar os caminhos para o Senhor”.
Por fim, foi a vez de Dom Onécimo externar sua gratidão aos bispos, padres, religiosos, seminaristas, leigos e paróquias onde conviveu e exerceu seu ministério sacerdotal durante os últimos 22 anos. “Agradeço a Deus pelos meus pais Mozé e Laura, meus irmãos, irmã, cunhadas, sobrinhos e sobrinhas. A família foi o primeiro seminário de amor onde Deus me chamou para vida e vocação. Pai! Amarei a Igreja de Rio do Sul como o pai ama a mãe e a nós. Este anel lembrará todos os dias do meu compromisso fiel e esponsal com esta Igreja. Esta cruz me dirá que devo trazer para dentro do coração todos aqueles e aquelas pelos quais Cristo me convida a dar a vida. ‘Estou no meio de vós como aquele que serve’. Este é o meu lema e projeto de vida que assumo com o auxílio da Trindade Santa, junto ao povo de Deus da Diocese de Rio do Sul, com seus dois bispos eméritos, com as suas 31 paróquias, as 487 comunidades, os 51 centros de atendimentos e os 34 municípios do alto e parte do médio vale do Itajaí. Com este lema apresento minha prece: Que Deus me ajude a servir como aquele que serve, não servindo a mim e a meus interesses e vontades. Que ele me ajude, através do serviço a mim confiado, revelar e construir o seu Reino. Assim seja, amém!”.
Após a celebração, Dom Onécimo recebeu os cumprimentos dos presentes.
Bispos, padres e familiares falam sobre Dom Onécimo
“Para a Igreja é uma grande festa. É uma bênção de Deus que acontece em nossa Diocese, padre (dom) Onécimo ser escolhido para servir a Igreja em outro lugar. Nós abrimos mão para esta graça acontecer fora de nossa Diocese. A presença do povo e todos os padres e bispos é sinal de que esta foi uma festa para a Igreja” (Dom Jacinto Inacio Flach, Bispo da Diocese de Criciúma).
“É uma alegria muito grande. Vieram vários ônibus, carros particulares e quem não pode vir, ficou acompanhando de lá, em oração. A Diocese toda está se preparando com palestras, orações, tanto para o dia de hoje quanto para o dia 15 de março” (Dom Augustinho Petry, Bispo Emérito de Rio do Sul).
“Penso que há duas coisas que vale a pena ressaltar. Primeiro, como Dom Onécimo vivenciou, como tudo isso entrou profundamente em seu coração e tomou conta dele, a disposição dele em assumir a Diocese de Rio do Sul. Em segundo, como a comunidade vivenciou e preparou a celebração; como participou e se deixou envolver por tudo o que foi a cerimônia. Dom Onécimo é uma pessoa ligada ao serviço, ao desprendimento, sempre disposto, que busca melhorar o ambiente com ternura e espírito de serviço” (Dom Wilson Jönck, Arcebispo de Florianópolis e Presidente da CNBB Regional Sul 4).
“O conheço há muitos anos. Quando escutei sobre a escolha de seu ministério não só fiquei surpreso como também contente, porque além de amigo, é alguém da nossa região, escolhido para ser pastor desta Igreja em Rio do Sul. Desejo um apostolado fecundo e frutuoso em sua caminhada como pastor” (Padre Wadislau Milak, que há 22 anos serve a congregação Rogacionistas do Coração de Jesus na Polônia, 10 destes em Cracóvia).
“Ele sempre foi motivo de orgulho para nós. Muito família, humilde. Sempre que temos alguma dificuldade, pedimos auxílio a ele, que abre o nosso coração, a nossa mente. Que Deus dê muita força a ele” (Maria Begair Alberton, irmã de Dom Onécimo).
“Este momento da ordenação foi muito bom. Algo que a gente não esperava e aconteceu. No começo fiquei emocionado. Tem horas em que estou sozinho e fico pensando: ‘Como pode? Acontecer isto na minha família!’” (Mozé Alberton, pai de Dom Onécimo).
“É uma graça para mim, a quinta graça. A primeira foi ter visto sua ordenação de padre; a segunda, ter feito o meu casamento; a terceira, ter batizado meu filho; a quarta, minha filha; e hoje, a quinta, ao vê-lo ordenado bispo. Sempre foi um irmão companheiro, dedicado, amoroso e fraterno, de uma simplicidade sem igual!” (Zoê Moisés Alberton, irmão de Dom Onécimo).
Fonte: Site da Diocese de Criciúma